05/03/09

E Depois



de o senhor meu pai afirmar ao meu então namorado que a filha tem um feitio esquisito, ou melhor, um feitio de merda (usando as próprias palavras).

Depois de namorar e casar, sem ter sido "pedida" em namoro ou em casamento.

Depois de me casar em ano de Inverno chuvoso (sim, casei-me em pleno Inverno) e conseguir tréguas com o S. Pedro pelos minutos necessários para as célebres fotos (e ainda que o fotógrafo não conseguisse pose dos noivos, que estavam mais na deles do que na dele - fotógrafo -, e ainda assim - o fotógrafo - considerar que foi o seu trabalho mais sublime)

Depois de ficar à espera duas horas para atravessar a ponte que na altura estava condicionada pelo mau tempo, e poder ir em noite de núpcias (com destino incerto e sem qualquer reserva). E quando conseguimos alcançar a outra margem verificarmos que a ponte foi mesmo fechada.

Depois de dar à luz uma menina que teimava em subir quando tinha de descer (se queria nascer) e de ficar com a equipa médica a aguardar pelo quase, para ir almoçar, que só findou no final do dia (poupei-lhes uma refeição).

Depois de gerar essa mesma menina que nasceu com 3,700Kg e eu a pensar que eram 2,700Kg e que a achava tão maravilhosa por a olhar com o amor que só os olhos de mãe permite ver (e passados uns segundos ter a equipa médica que seguiu a gravidez e teimou em assitir ao parto, com ela ao colo a franzir o sobrolho, mais babáda do que eu).

Depois de passados 3 anos, engravidar em altura biológicamente impossível (afirmado por todos os obstetras que se cruzaram com o meu processo e foram fazendo o favor de colocar um ? em todos os "comentários")

Depois de dar à luz, pela segunda vez, quando a equipa médica já tinha os piores prognósticos daquela urgência (sendo que fizeram o favor de me informar, passádo um dia de coma e os dois dias de unidade intensiva, a seguir à cesariana, que era o único caso em se que tinham salvo a mãe e o bebé).

Depois de olhar para a "obra de arte" que até uns tempos não passou de um ?, de uns enjoos que nem o mais potente dos químicos conseguiu abafar (e que por pouco era o motivo de internamento para o peso perdido), de uns pontapés bem valentes no ventre (no estômago e por tudo o que o separava da liberdade de espaço) e que se recusava em deixar-me dormir virada para o lado esquerdo e pensar "Este gajo tinha mesmo de existir, e lá foi ele em direcção ao óvulo pronto a fecundá-lo a todo e qualquer custo!"

Depois deste meu segundo tesouro ter nascido com 3,750Kg e dos médicos ficarem "à rasca" para o retirar, à mão, de dentro da placenta e de afirmarem que jamais poderia ter nascido de parto "natural" por ser tão grande (e só depois então verificarem que ele já tinha uma irmã daquela "envergadura")

Depois de uns factos conseguidos que para mim não passam de metas traçadas e alcançadas, e que para uns quantos amigos ficam em afirmações como "só mesmo tu para conseguir!"

Depois de me ter candidatado, já esta semana, a ingressão numa universidade.

Depois de tanta, tanta coisa que ainda me falta fazer e saber, ainda consigo ser supreendida com uma análise química ao sangue em que fiquei a saber que um dos meus tesouros é Rh -

Sendo que é do tipo 0 (zero ou vulgo O) torna o portador de tal preciosidade de sangue o dador universal (ainda que só possa receber este mesmo tipo e factor Rh -)

Estranho?!

Nããã

Depois de tudo isto (e muito mais), para mim, já nada é estranho!


1 comentário:

Isa Maria disse...

depois de isso tudo, és tu própria, firme e de personalidade rara (isto é o que sinto qundo leio os teus posts, pois não te conheço.)