O que fomos nós?
Amigos inseparáveis
Manhãs em que me despertavas num simples toque de telefone
Sábados em que era a minha vez de o fazer
Ainda me lembro de como ria quando ouvia: "Estava aqui a tentar responder antes do telefone tocar"
“Furos” encostados ao pavilhão a soltar gargalhadas, a responder ás tuas dúvidas de biologia, de saúde, de socorrismo, de filosofia (e como filosofávamos) …
As conversas de automóveis, Maserati a tua preferida…
As festas de final de período lectivo, a sala de convívio cheia e não víamos mais ninguém quando trocávamos uns passos de dança…
As noções básicas do corpo de mulher… que foram tão credíveis que pediste para explicar aos teus (e meus) amigos… e eu expliquei…
Outros “furos” em que a cumplicidade era tanta, o sentimento tão intenso, que não ousamos, sequer, um beijo nos lábios e que muitos pensaram sermos namorados…
Ver-te aqui, á minha frente, não poder falar, apenas acenar. Os carros separam-nos, o semáforo mantém-nos. Um riso expressivo que solto, outro que retenho da tua face.
Um acenar que sabe a pouco
Um não acreditar que nossos olhares se encontravam
E sentir que as nossas almas, afinal, ainda se conhecem
Saber que se pertenceram, embora os corpos nunca tenham ousado testar tal força…
As desistências dos jogos de bola em prol da minha companhia
O “abandono” dos amigos para nos perdermos em olhares e sorrisos ao som de piadas, já tão meticulosas…
As visitas de estudo em que nos tínhamos como parceiros, um ao lado do outro, o horizonte íamos comentando…
As palavras sábias da nossa amiga (e ainda minha amiga) João
“Ama quem te ama e não quem te sorri”
A incredibilidade ao saberes do meu namoro mais sério
A ajuda na tua conquista
O convite para o meu casamento
A pergunta que ficou por responder com um simples sim
“Estás feliz? Se sim, é tudo o que interessa!”
O olhar do outro lado do pára-brisas trouxe-me á memória as recordações que sempre foram minhas…
A força que era imensa
A amizade que era extrema e que por isso mesmo, nunca a arriscamos em prol de outros sentimentos…
Não te queria perder
Não me querias perder
E ambos nos perdemos em outro braços
Tínhamo-nos um ao outro como melhores amigos
Ou algo mais do que uma comum amizade
Os olhares invejosos das miúdas
As observações cobiçosas dos rapazes
As mãos que me aquecias apenas porque estavam frias, sem nunca ousar fugir delas…
Os abraços que se davam só porque a amizade sabia a pouco
Os beijos que ficavam nos rostos, presos nos olhares
A alteração de visual por uma simples dica tua.
O blusão que vestias ao saberes que eu gostava.
E foi assim, que ontem, voltaste ao meu dia-á-dia
A felicidade de te ver
O não me perdoar por não ter saído do carro
As tantas pergunta que ficam por responder…
Sim sou feliz e fico feliz por te ver bem, com um puto lindo (como tu) sentado no banco de trás e ao teu lado a conquista em que eu também participei.
E com um sorriso nos lábios, por te ver feliz, ainda me pergunto:
O que fomos nós?
Há uma corda que nos une e que nos mantém assim desde o 10ºA3
Por isso aqui digo: Até á próxima! (e aí sairei, de certeza, do carro)
3 comentários:
Um sentimento lindo que nunca passou de algo mais secalhar por medo de arriscar, gostei de ler o texto, beijinhos*
Ora viva Cara Amanda... Até ler outro, ou gostar tanto da mesma forma, este é o melhor texto que li na blogosfera este ano. Sim, o ano ainda agora começou, mas o que me fica na retina, serve-me sempre como motivo de comparação. É claro que o texto em si, tem mais significado para si do que tem para mim, mas garanto-lhe que visto daqui, de uma certa maneira todos nos identificamos com algo passado ou algo sentido. Afinal, todos NÓS somo um pouco assim. Um abraço... SHAKERMAKER
Um chuac-quack enorme com votos de um 2006 fantástico!
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