Prisioneira

Quando as palavras me cercam, me atormentam, me invadem… vindas de não sei donde, nem sei porquê… tenho esta imensa necessidade de as expelir, atirar, soltar…

Solta-te…

Livra-te de mim…

Quando elas nascem livremente na minha mente, invadem-me os pensamentos e fazem-me sua prisioneira…

Solta-te…

Livra-te de mim…

Quando dependo delas e delas traço o meu caminho, arrastando-me para me poder libertar do tormento que elas me causam…

Solta-te…

Livra-te de mim…

Quando falar não basta, há que escrevê-las, vê-las, lê-las, e sentir-me completamente dominada por esta corrente…

Solta-te…

Livra-te de mim…

Quando esta imensa necessidade de escrever me invade… já não sou dona de mim… minhas mãos ficam á mercê de toda e qualquer palavra… sou prisioneira deste querer…

Solta-te

Livra-te de mim…

Há toda uma alma que fala… um corpo que reage ao estímulo que elas fazem questão de enviar…

Há uma insaciada sensação de conforto… de paz… de acalmia…

Há todo um tormento… um lamento… em não conseguir secar esta nascente… donde vens? Porque vens? Ao que vens?

Vou escrever eternamente, constantemente, incessantemente para que permaneçam estas algemas em mim, em meus pulsos, em minhas mãos…

E do nunca hei-de fazer sempre… do jamais farei igualmente… do adeus dar-me hei a elas para sempre… num infinito reino por elas comandado…

Mas quando as palavras me invadem… entro num campo de batalha… não mando nem desmando…. apenas me deixo comandar… e não pretendo me libertar…

Solta-te…

Livra-te de mim…

(mais uma vez... obrigada Tino... e o teu último post é particularmente belo)