09/09/05

Onde estás?



Onde estás tu?

O que tens feito?

Ainda ontem me lembrei de ti...

E dei comigo a recordar a magnífica pessoa que és

Quis o destino que nos conhecêssemos só porque decidimos morar uma ao lado da outra.

Estavas a concretizar o teu grande sonho…

A vida, que ao invés de ser mãe, quase sempre foi madrasta.

E que vida essa a tua!!!

O grande amor que encontraste e que te levou ao êxtase, trocou-te por uma vida de total dependência de drogas deixando, como rasto do vosso amor, a vossa filha nos braços.

Quando tudo parecia se endireitar, junto de um homem que te amava (pois não era difícil gostar de ti), que dizia te querer muito… eis que o álcool já tinha ocupado o teu lugar no seu peito e foi a destruição total de tudo o que tinhas sonhado.

Lembro-me dos primeiros contactos que tivemos.

Tu contagiavas o ambiente que te rodeava com a tua simpatia e como eu também não sou antipática, logo nos demos muito bem.

Acompanhaste-me nos meus maus momentos. Deste-me força e apoio e jamais me deixaste á espera quando, em urgência, te telefonava.

Ainda hoje me lembro de alguém ter dito:

- Quem me dera ter uma vizinha assim!!!

Não era a vizinha que invejavam mas sim a imensa amizade que nos unia, o sentimento de ajuda que fazíamos questão de dividir.

Também eu acompanhei os teus piores momentos. As brigas que havia e que entristeciam os olhos da tua menina e ainda me lembro bem de quando tivemos de forçar a abertura da porta para te tirar das mãos do homem que dizia te amar mas que te maltratava… o medo que o meu olhar transmitia e tu que controlavas o teu tão bem…

Depois vinham sempre as desculpas e tu que teimavas em desculpar sempre…

Sempre… até um dia.

Vendeste tudo

Abandonaste tudo

Despediste-te de tudo e de mim…

E com as lágrimas nos olhos pegaste na tua filha e rumaste numa nova vida. Pela vergonha afastaste-te de todos. Ainda te contactei pelo número que tinha do telemóvel… tinhas refeito a tua vida (mais uma vez) ao lado de mais um homem, este mais novo que tu e, segundo o que me descreveste (e Deus queira que sim) terias encontrado, finalmente, um homem que te percebia, que te estimava com o qual eras feliz.

Lembrei-me ontem de ti e pergunto-me:

Onde estás?

Que é feito de ti?

És feliz?

Há laços físicos que se quebram mas as almas jamais se abandonarão.

Recordo quando inauguraste o teu restaurante (garra e força não te faltam), quando te fiz as ementas, quando te ajudei na confecção dos doces e… (daí ter sido assaltada por todas estas memórias) quando o povo ficou em festa e me pediste ajuda para o atendimento do bar. Estavas feliz mas não totalmente. Infelizmente o homem que deveria estar ao teu lado para te ajudar… estava noutro bar a tentar esquecer os seus problemas (e os teus) em vez de os tentar resolver.

A festa é dia 16, 17 e 18 deste mês e faz precisamente 3 anos que toda a tua vida começou num rodopio desconcertante até que puseste pés ao caminho e aceitaste, mais uma vez, os braços abertos da tua mãe, para lá encontrares a paz que aqui te faltava.

Foi em Dezembro que tudo acabou e outro caminho começou. Que te acolhi na minha casa. Que tive muito medo por ti. Que senti tão próximo o cheiro da violência doméstica e que decidiste não mais dar uma oportunidade a quem não te merecia pelo simples facto de não te respeitar sequer nem á tua filha… foi a derradeira discussão, a última sessão de maus tratos e mais uma de mil perdões onde se colocavam as desculpas em rezas e feitiçarias…

Hoje, ao lembrar-me de ti, apenas quero que tenhas encontrado a felicidade completa (se for ao lado de outro homem que seja mas que, acima de tudo, sejas muito feliz).

Que acompanhes a tua filha sem o olhar de medo que tinhas.

Que saias de casa sem o sentimento de incerteza de quando voltares.

Que vivas a vida sem que te cortem as asas.

Sei que mais dia menos dia nos voltaremos a ver, voltaremos a falar, a partilhar e que deixarás a vergonha para trás. A vergonha de actos que não eram teus mas que eras tu a única a sentir o constrangimento.

Voltará a nossa cumplicidade e até que consigo avistar as vezes que iremos ás compras juntas com as nossas filhas (como fizemos tantas vezes).

Por vezes há necessidade de afastamento para que nos limpemos de todo o pó que temos acumulado e voltarmos completamente limpas e renovadas.

Sei que não perdi uma amiga, apenas foi de retiro…

Até um dia!

(para ti B.)


6 comentários:

Rita disse...

"Por vezes há necessidade de afastamento para que nos limpemos de todo o pó que temos acumulado e voltarmos completamente limpas e renovadas."... falaste bem, lindinha e vais ver que foi mesmo isto que aconteceu! Que essa pessoa vai ser mt feliz um dia, e a vossa cumplicidade voltará tb! Esperança!!

beijinho

Night disse...

Recordações de uma amiga uma companheira, por vezes necessitamos mesmo de nos limpar das poeiras da nossa vida para poder começa de novo... bjs*

Anónimo disse...

ultimamente tenho feito muito essa pergunta...mas por motivos diferentes...bjs Numenesse

darkman disse...

espero que fique td bem...

ashistorias.blogspot.com
ospensamentos.blogspot.com

Anónimo disse...

Felizmente que ainda há pessoas com coração grande. Tu és uma delas. Boa Semana para ti. Por aqui estamos a tentar colorir o orçamento para 2006 com cores brilhantes e duradouras. Bj. António

Amanda disse...

P/Anónimo: Esperança não me falta. Beijos
P/NightWolf: Precisamos mesmo. Beijos.
P/Passagens: Gostei da vírgula. Beijoka.
P/Keimadela: Perguntas todos nós temos. As respostas, essas, é que são mais dificeis de encontrar. Beijo.
P/Frog: A verdadeira amizade é sempre bela. Beijos.
P/Darkman: Ficará. Beijo.
P/António: Coração grande e alma imensa assim somos nós os sensíveis... beijos e bom trabalho (amarelo radioso).