02/01/12

Escárnio e Bem Dizer


Haverá sempre uma carta por escrever a quem me deveria querer maior bem mas que sempre me proporcionou maus momentos na vida… por escrever porque as palavras nunca serão capazes de expressar todo o sofrimento causado e toda a força que fui arremessando nesta minha caminhada.

Ainda assim, e porque há sempre uma lição a retirar de todos os episódios desta minha “novela”, espero sinceramente que possas encontrar o teu momento de serenidade e paz e que consigas te perdoar por tudo o que não fizeste, por tudo o que nunca te interessaste, por tudo o que nunca quiseste sequer conhecer.

Não sei se por medo de gostares da tua filha, sempre conseguiste manter-te insensível aos olhos dos outros mas aos meus… sempre te vi como fraco, incapaz de aceitar o coração que tens no peito, tentando transparecer que mais é uma pedra diante das atitudes que formam uma vida.

Pode parecer triste mas essa tua escolha, essas tuas constantes más escolhas, em nunca teres sido ou quereres ser um pai, fizeram de mim um poço de sensibilidade, de querer dar tudo, querer saber tudo, querer sentir tudo e mais importante ainda, querer participar e contribuir para todos os bons sentimentos e momentos dos que me rodeiam e que tanto amo. Se formula cientifica houvesse teria certamente um negativo e um positivo elevado a algo de inversamente proporcional…

Não estou triste por mim mas sim por ti e entristece-me saber que estiveste tão perto de conhecer algo tão belo e tenhas passado ao lado sem a querer conhecer e sentir… da mesma forma que me entristece sentir que nunca foste, és ou serás lembrado como uma boa recordação.

Quis dar aos meus filhos a educação, compreensão, amor e carinho que nunca me deram, que nunca me deste, e quis principalmente dar-te como avô mas hoje vejo que foi missão condenada logo à nascença, como posso eu dar um avô aos meus filhos se nunca tive um pai?

Ficará sempre muito por dizer, quase tanto como o que ficou por fazer e sentir e se falar se resumir apenas aos maus momentos que me fizeste e fazes sentir, peço para que me perdoem os deuses quando penso que mais valia teres ficado pela memória dos abandonos de criança e que nunca deverias ter cedido ao capricho do jogo em que também eu fui apenas uma jogada de pura má sorte…

Diante de quem me conhece não tenho de me justificar e estas azedas linhas serão parcas perante tanto, mas tanto, que poderia debitar.

E pegando na sabedoria das minhas amizades, no meio de tudo o que o meu pai tem de mau, tem uma das melhores: a filha!! Pena que nunca a tenha querido conhecer mas não vou deixar de ser quem sou, e não, não vendo a minha alma ao diabo!!

Espero que este assunto possa ficar por aqui.. vamos lá receber bem 2012!

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