É verdade que sentia falta de escrever, não pelo acto em si mas sim por tudo o que o implica.
Sempre gostou do Outono, da melodiosa brisa e chuva de Outono mas principalmente pelos salpicos de dourado que vai libertando pela natureza, e dos tons que o céu emana e a terra adquire. Fazia-a lembrar as grandes avenidas e “boulevard” cobertos de folhas de castanheiros, do cheiro ao asfalto molhado a contrastar com o odor doce e quente da massa de “crepe”, por entre as correrias que a vida reserva.
Nunca compreendeu bem aquele período do início de cada ano, em que muitos dedicam ao balanço do ano anterior, pois se período indicado houvesse, teria de ser o Outono. No Outono tudo cheira a melancolia, a uma gostosa solidão de alma, como que catarse para os excessos dos tempos quentes de um Verão que teimou em ficar quase até se encontrar com o Inverno… Com a banda sonora das primeiras chuvas e os últimos tímidos mas teimosos raios dourados de sol, deu por si a recordar os tempos em que a família limitava-se a um ente querido e a alegria era tão simples quanto lhe perguntarem que doce queria no seu “crèpe” quando passavam pela bancada da pastelaria, aberta para a rua… a alegria maior essa resumia-se a nem ser necessário dar resposta pois a sua família sabia que não havia sabor que fosse capaz de destronar o de morangos silvestres…
A vida é assim, bem simples. O mundo, esse, já não tanto. A vida, de forma simples, ensinou-lhe a lidar com a falta da sua mãe, com a indiferença do seu pai, com a falta de amor desse mesmo amor maior, pura e simplesmente porque nunca existiu e sem existir nunca sentiu o que era amor de mãe ou amor de pai, porque o amor esse é muito mais do que as palavras podem descrever… aliás, é tudo o que as palavras não descrevem…
Era, sem sombra de dúvidas, uma mulher de sentimentos e sensações, que hoje em dia os especialistas descrevem como: de elevada inteligência emocional. Tão elevada que ainda chora com os indefesos que morrem à fome, à mercê de uma vida tão injusta quanto miserável e muitas vezes dava consigo a pensar o quanto desejaria, e sempre desejou, partir para os lugares mais necessitados do globo e para além de oferecer, dar a sua ajuda, a sua presença, a quem dela realmente necessita.
Sempre a magoou a falta de carácter, a ingratidão, a insensibilidade e até a falta de educação… não sentia falta do seu pai, não sentia falta da sua mãe e quando alguém lhe perguntara como tal era possível? Deu com as palavras a fluírem livremente, por entre os sentimentos que nunca existiram, e respondeu: é simples, não posso sentir falta de algo que nunca tive.
Porém, sabe de antemão que havia de ter gostado de sentir o amor de pai e mãe…
e a vida continua simples…
Sempre gostou do Outono, da melodiosa brisa e chuva de Outono mas principalmente pelos salpicos de dourado que vai libertando pela natureza, e dos tons que o céu emana e a terra adquire. Fazia-a lembrar as grandes avenidas e “boulevard” cobertos de folhas de castanheiros, do cheiro ao asfalto molhado a contrastar com o odor doce e quente da massa de “crepe”, por entre as correrias que a vida reserva.
Nunca compreendeu bem aquele período do início de cada ano, em que muitos dedicam ao balanço do ano anterior, pois se período indicado houvesse, teria de ser o Outono. No Outono tudo cheira a melancolia, a uma gostosa solidão de alma, como que catarse para os excessos dos tempos quentes de um Verão que teimou em ficar quase até se encontrar com o Inverno… Com a banda sonora das primeiras chuvas e os últimos tímidos mas teimosos raios dourados de sol, deu por si a recordar os tempos em que a família limitava-se a um ente querido e a alegria era tão simples quanto lhe perguntarem que doce queria no seu “crèpe” quando passavam pela bancada da pastelaria, aberta para a rua… a alegria maior essa resumia-se a nem ser necessário dar resposta pois a sua família sabia que não havia sabor que fosse capaz de destronar o de morangos silvestres…
A vida é assim, bem simples. O mundo, esse, já não tanto. A vida, de forma simples, ensinou-lhe a lidar com a falta da sua mãe, com a indiferença do seu pai, com a falta de amor desse mesmo amor maior, pura e simplesmente porque nunca existiu e sem existir nunca sentiu o que era amor de mãe ou amor de pai, porque o amor esse é muito mais do que as palavras podem descrever… aliás, é tudo o que as palavras não descrevem…
Era, sem sombra de dúvidas, uma mulher de sentimentos e sensações, que hoje em dia os especialistas descrevem como: de elevada inteligência emocional. Tão elevada que ainda chora com os indefesos que morrem à fome, à mercê de uma vida tão injusta quanto miserável e muitas vezes dava consigo a pensar o quanto desejaria, e sempre desejou, partir para os lugares mais necessitados do globo e para além de oferecer, dar a sua ajuda, a sua presença, a quem dela realmente necessita.
Sempre a magoou a falta de carácter, a ingratidão, a insensibilidade e até a falta de educação… não sentia falta do seu pai, não sentia falta da sua mãe e quando alguém lhe perguntara como tal era possível? Deu com as palavras a fluírem livremente, por entre os sentimentos que nunca existiram, e respondeu: é simples, não posso sentir falta de algo que nunca tive.
Porém, sabe de antemão que havia de ter gostado de sentir o amor de pai e mãe…
e a vida continua simples…
3 comentários:
um texto lindíssimo acompanhada de uma paisagem de Outono, belíssima.
Eu disse há pouco tempo que o sangue vale pouco no que às relações humanas respeita. Porque não basta essa ligação para que se sinta falta das pessoas, assim como se pode sentir muita falta de alguém que nada tem a ver a consanguinidade.
E disse-o precisamente a quem me deu o amor de que falas e que algures, nem consigo precisar quando, nem tão pouco porquê, se demitiu da função principal.
Quanto ao Outono, é realmente o início de um novo ano e é capaz de nos brindar com as mais belas paisagens.
O que eu gosto de te ler :)
Maria:
Talvez devido a esta estranha relação causa/efeito que há entre mim e o Outono...
:)
Obrigada
Ness:
Sábia e sentida_mente :)
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