23/01/07

Por Mais que Tente




Não conseguirei perceber o porquê de muito pouca gente ter compreendido que não se trata de saber quem está a favor ou contra a interrupção voluntária da gravidez (vulgo aborto) mas sim dar a oportunidade, a quem já decidiu recorrer a tal método, de o fazer de forma segura, humana, sem ter de se sujeitar a qualquer humilhação… até porque não acredito que haja mulher que o faça de ânimo leve e o sentimento de culpa que sente já será, por demais, suficiente para se sentir de rastos…

Por mais que tente

Não conseguirei perceber o porquê de muito pouca gente ter compreendido que as consequências desses actos, praticados por verdadeiros "carrascos", já fazem com que se gaste dinheiro de todo e qualquer contribuinte quando, sujeitas aos efeitos “secundários” de qualquer “método”, essas mulheres têm de recorrer ás urgências hospitalares para se submeterem a, no mínimo, uma raspagem.

Por mais que tente

Não conseguirei perceber o porquê de muito pouca gente ter compreendido que enquanto tal prática for considerada crime apenas a mulher será julgada e condenada por um acto do qual só terá tido, na melhor das hipóteses, 50% de culpa.

Por mais que tente

Não conseguirei perceber o porquê de muito pouca gente ter compreendido que neste tema, se há algum culpado, será sempre um par. Que para haver gravidez, e feto, duas células tiveram de se unir: uma feminina e uma masculina. Que a hipocrisia está em todo e qualquer Homem ao apontar o dedo quando, na verdade, ninguém está livre de “beber dessa água”. (digo todos porque lembro que este tema diz respeito a homem e mulher)

Por mais que tente

Não conseguirei perceber o porquê de muito pouca gente ter compreendido que, pelo facto de eu jamais pensar recorrer a essa prática não posso impedir, quem a ela decidiu recorrer, de o fazer de forma condigna e que a liberdade jaz na consciência e não no coração.

Por mais que tente

Não conseguirei perceber o porquê de muito pouca gente ter compreendido que esta questão não é tema para ser debatido partidariamente, ou politicamente, mas sim socialmente.

Por mais que tente

Não conseguirei perceber o porquê desta lei. A forma como é aplicada, em que se condena a mulher sem sequer se fazer caso ao homem que contribuiu também para tal situação.

Por mais que tente

Não conseguirei perceber


(já para não falar na verdadeira “fúria” que me dá quando falam no referendo do aborto – o que está completamente errado pois o refendo não é do aborto mas sim da despenalização do aborto)



6 comentários:

Anónimo disse...

Por mais que tente!!! Gostaria de ter escrito este teu post, porque o sinto, porque me identifico com muitos dos teus pontos de vista. E, quem esclarece quem? E que tanto desejo balofo de protagonismo, tanta hipocrisia! Mas somos o país que somos porque nos vamos demitindo aos poucos, aqui, ali, agora, ontem...
Bj

Luis Carlos disse...

Amanda,

Como keops disse, também eu ando para escrever um post sobre este tema.

Sendo eu homem, concordo contigo, a haver penalização que seja repartida entre o homem e a mulher, pois os bébés não nascem de geração espontânea.

Gostei muito deste post, vou recomendá-lo no meu blog (caso concordes), penso que vai mexer com muitas pessoas, e que não vai deixar que elas se demitam de dar o seu voto, e que o debate se torne mais profundo.

Até já,
Luís Carlos

Amanda disse...

Keops: Quanta hipocrisia mesmo! Beijo

Luis Carlos: Estás á vontade amigo! Beijo

Anónimo disse...

Revi-me neste "por mais que tente".

sem-comentarios disse...

Concordo inteiramente com o teu texto, penso da mesma forma :)**

Amanda disse...

Zeni: Então bora lá cumprir com o nosso dever e, pelo menos, alterar algo nesta lei

Sem-comentários: Bora lá!