Continua-me a dar que pensar a afirmação de uma determinada personagem de novela. É verdade que todos os dias morrem milhares de pessoas, de entre as quais crianças e mulheres, devido ás inúmeras guerras existentes por esse mundo fora.
É facto demasiado sabido mas que não “incomoda” ou, pelo menos se incomoda, parece que não.
As imagens que vemos nos diversos órgãos de comunicação já não nos “atingem” ou, se atingem, parece que não.
Tornou-se um facto “banal” e todos nós estamos demasiado ocupados com a nossa vida para prestar atenção ás “misérias” dos outros.
Também é um facto que, a este ritmo alucinante, a natureza entrará em colapso e todo o globo está em perigo, incluindo a nossa própria espécie. É um facto que também não nos “incomoda”.
Este assunto, tenho quase a certeza, que não incomoda quase ninguém.
Quantos de nós já não afirmaram não fazer reciclagem pois são raros os casos que conhecem de alguém que o faça?! E quantos de nós, aquando das notícias relacionadas com defensores de diversas causas da natureza, já não afirmaram que “aqueles fulanos” são completamente “passados”?! Quantos de nós não olha apenas para o seu próprio umbigo, como se fosse um ecossistema único, como se não existisse nada nem ninguém digno da sua atenção sem sermos nós mesmos ou os nossos próprios problemas?!
Então continuo a perguntar-me o porquê de, quando somos “alheios” a problemas tão sérios, continuamos a prestar demasiada atenção á vida sexual dos outros. Digo demasiada porque, se nos “passa ao lado” o problema do aquecimento global em que todos somos directos responsáveis, então porque raio teremos algo a ver com a tendência, ou “desvios”, sexuais de certos conhecidos, e até de desconhecidos?!
O que é que nós temos a ver com as escolhas, ou opções, sexuais dos outros se não somos seus parceiros de “lide”?
Numa era em que tudo é “normal”, em que tanto nos é “alheio”, continuamos a encarar os assuntos sexuais com os mesmos tabus de há 500 anos.
Muitos de nós conhecemos pessoas que são catalogadas como tendo “desvios” sexuais. Muitos até os têm no seu grupo de amigos mas não deixa de ser curioso que essas pessoas (ditas “desviadas”) muito lutaram para conquistar o seu merecido lugar na sociedade.
Dos “desviados” que conheço todos são extremamente educados e respeitadores. Todos são dedicados ás amizades sem quaisquer outros interesses (e muito menos sexuais).
Continuamos a “vê-los” como se sofressem de uma qualquer doença contagiosa quando, na verdade, não temos rigorosamente nada a ver com a escolha sexual que eles fizeram (a não ser, como já disse, que sejamos, ou venhamos a ser, seus parceiros sexuais).
Numa altura em que a televisão, através de novelas e séries de ficção, muito fala de um “desvio” sexual no meio dos casais como o swing. E após ver o trabalho dessas personagens em que nos dão a conhecer o drama que esses casais vivem ao terem de dar satisfações a amigos, familiares e outros demais conhecidos, muito me pergunto eu: o que terão as outras pessoas a ver com a opção sexual desses mesmos casais?
Causa-me uma certa impressão que problemas tão sérios e completamente dependentes de todos nós não mereçam a nossa mínima atenção para, perante a vida sexual dos outros, nos vejamos, isso sim, “obrigados” a intervir.
Continua-me a fazer “impressão” mas tenho mais com que ocupar a minha breve existência portanto vamos lá ao trabalho.
A questão da sexualidade poderão “esquecê-la” mas os problemas do globo, por favor, não!
É que todos, mesmo todos, temos a ver com isso!
2 comentários:
Sabes, eu acredito que o exercício da cidadia é um direito de todos. E acredito que muitos actos isolados tem expressão e peso! E ainda acredito que é possível não digo regenerar por completo, mas retardar o processo. E não estou tão convencido que "ninguém" se importa. Há muitos! Só que não são "barulhentos", e deviam ser! :) Bj
Nunca me esqueço...mais do que alertar as outras pessoas para os problemas é preciso dar o exemplo. A discriminação é também um problema e tanto o é pela negativa como pela positiva porque se generalizas uma tendência e a associas a um grupo de pessoas, estás logo á partida a dissocia-las do grupo daqueles a quem a sociedade atribui normalidade. Uma beijoquinha grande pa ti****
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