Ás "Escondidas"

É um facto que cada vez há mais mulheres a escrever, mas não uma escrita qualquer, falo-vos da escrita erótica

Basta estarmos atentos á blogosfera e apercebemo-nos do mesmo. Se umas são de “tenra” idade, já outras são mais “amadurecidas” assim como a própria escrita.

E o que leva as mulheres até á escrita erótica?

Começo então pelo princípio, ou será pela ideia principal que ainda continua vinculada na maior parte dos cérebros das várias gerações que habitam neste jardim á beira-mar plantado: sexo é assunto de homem!

Sim, basicamente é a ideia com que a maior parte dos homens, e não só, se rege. Ainda bem que as mentalidades vão “crescendo” e que certos exemplares masculinos já não pensam, de todo, desta forma.

E pior ainda é que existem certas mulheres (ainda bem que cada vez em menor número) que pensam de mesmíssimo modo: sexo é assunto de homem!

É certo que, nos tempos que correm, é cada vez mais fácil termos acesso a tecnologias que ajudam a libertar o nosso “verdadeiro” eu. É fácil comunicar sem nos revelarmos e mais ainda sem sequer conhecerem o nosso rosto.

Acredito que há 20, 30 ou mais anos atrás também havia mulheres que pensavam no sexo de forma invulgar (ou julgado invulgar para determinada época mental), mas que não ousavam contrariar as ideias impostas pela sociedade, pela cultura ou pela educação que receberam. Que jamais ousariam proferir certas palavras ou ter determinados comportamentos, nunca contrariariam o que ainda me lembro de ouvir:

“-Mulher minha não faz “isto”!” – ou então – Mulher minha não pensa assim!” e eis que as mulheres dessas épocas passavam então a “pensar assim” do modo que queriam que pensassem. Não as culpabilizo de tal procedimento. Quantas de nós, entregues a tais condições, seríamos capazes de contestar tais pensamentos?

E eis que estamos numa época em que há uma enorme necessidade de comunicar. Em que o tempo cada vez é mais escasso e que nem para comunicar escapa. Em que damos importância a tudo quanto se contabiliza, a tudo o que é palpável, a tudo o que é comparável e esquecemo-nos de comunicar e o quanto a comunicação é urgente.

É urgente mostrar que a mulher pode ser inteligente, pode ser bonita e/ou ter um ar cuidado, pode ser uma óptima profissional, uma mãe dedicada, uma dona de casa esmerada (não disse desesperada) e ao mesmo tempo uma esposa carinhosa, uma amante deliciosa, fogosa, de ideias arrebatadoras e eterna conquistadora do seu amante (e se for marido tanto melhor!)

É um facto que cada vez há mais mulheres na escrita erótica, talvez porque seja necessário “gritar” para que possamos afirmar as nossas ideias, dar a conhecer os nossos ideais. Para que nos deixem pensar livremente e aprendam a gostar do modo sincero com que nos damos a conhecer, sem ocultações, sem dissimulações, sem cinismos próprios de uma cultura que ainda tende a esconder o sol com a peneira. Porque também temos direito á dignidade das nossas ideias e a falar livremente de um tema que, sendo de índole natural, jamais deveria ser tabu:

O sexo!

Muito haveria por escrever e muito fica por dizer sobre este tema e não se esqueçam:

“Gritemos” então!